As Crianças

Rodrigo Portella dirige As Crianças que estreia temporada no Teatro Eva Herz

Teatro Eva Herz

Escrita em 2016 pela jovem e premiada dramaturga inglesa Lucy Kirkwood, a peça estreou no mítico Royal Court Theatre de Londres, celeiro de boa parte dos mais expressivos jovens dramaturgos ingleses. A montagem brasileira tem uma trajetória de sucesso já está concorrendo a 26 prêmios entre Shell, APCA, Aplaudo Brasil, Cesgranrio, Botequim Cultural.

Na trama, o casal de físicos aposentados Dayse (Analu Prestes) e Robin (Mario Borges), vive só e sem vizinhos numa casa improvisada perto da costa, numa região inóspita assolada por um acidente nuclear. Após uma ausência de quase quarenta anos, Rose (Andrea Dantas), antiga colega de profissão e amiga, chega a essa casa com uma missão que poderá mudar para sempre a vida do casal. Para complicar as coisas, Robin teve uma relação com Rose no passado.

A montagem levanta duas camadas de reflexão: num nível individual, fala da relação do ser humano com a passagem do tempo e seu inventário de perdas e ganhos; e num nível coletivo, trata de discussões éticas sobre a responsabilidade com o uso dos recursos do planeta e com as gerações futuras. Reparação e redenção são temas dessa peça que volta seu olhar para os catastróficos resultados da interação entre os humanos e a natureza.

A dramaturgia se sustenta pelo desvendamento progressivo dos sentimentos dos personagens que, aos poucos, vão mostrando não só seus problemas afetivos, mas também a profunda crise ética em relação ao seu papel na sociedade em que vivem. Paralelamente à questão nuclear, o texto investe nas particularidades da vida desses três indivíduos – sua relação com os filhos (ou a opção por não tê-los), a proximidade da morte, a traição, as omissões, a fantasia e o desejo. Trata-se de um grande desastre a espelhar os pequenos desastres de três vidas.

“A discussão da peça está para além da questão nuclear. Ela nos provoca a pensar em como usamos os recursos disponíveis. Entendo que Kirkwood quer que pensemos em nossa responsabilidade com as futuras gerações. Para mim a grande pergunta da peça é: salvar as crianças de um futuro catastrófico é um ato de heroísmo ou uma obrigação?”, questiona o diretor.

A montagem conta com a cena limpa – uma grande e comprida mesa de madeira, algumas cadeiras e uma poltrona. As mudanças de ambiente são materializadas pelo trabalho dos atores.  “O texto de Lucy Kirkwood me parece ser uma dessas obras que dispensaria a concretude da cena. Cheguei a pensar que os atores poderiam se sentar em um palco vazio e falar rubricas e diálogos sem precisar fazer qualquer coisa. Eu gosto de contar com a imaginação do público. O teatro é ‘precário’ por natureza e é nessa precariedade que enxergo sua potência; uma vez que o ‘palco’ nunca dará conta de toda a realidade da fábula. Assim cada espectador usa de sua imaginação e memória para viver uma experiência singular.  Como quem lê um livro, por exemplo. Nesse caso, como se o próprio livro se lesse sozinho para o espectador. Para mim ‘a coisa toda’ acontece no encontro dos imaginários. Por isso a cozinha onde se passa a peça não precisa ser materializada, a salada não precisa existir e os atores nem precisam comer. Essa desobrigação me abre espaço para a criação de uma outra dimensão dentro da obra: mais aberta, evocativa, múltipla e ao mesmo tempo particular”, descreve Portella.

A Peça Na Linha Do Tempo

Desde os anos 1950, no pós-guerra, quando o mundo tentava digerir a tragédia desencadeada pelas bombas atômicas detonadas em Hiroshima e Nagasaki, a energia nuclear tornou-se o centro das atenções – para o bem ou para o mal. O mundo passou a refletir sobre seus benefícios e malefícios. Que discurso ético sustentaria o extermínio de milhares de pessoas com sofrimentos indizíveis? 

O sofrimento estampado nas imagens das vítimas no Japão ainda hoje assombra o planeta. Afinal, foi para isso que a ciência avançou? As dúvidas, porém, não inibiram o avanço das pesquisas, a busca desesperada pelo poder através da manipulação da ciência e especificamente da energia nuclear. 

SINOPSE

O casal de físicos aposentados Dayse (Analu Prestes) e Robin (Mario Borges), vive só e sem vizinhos numa casa improvisada perto da costa, numa região inóspita assolada por um acidente nuclear. Após uma ausência de quase quarenta anos, Rose (Andrea Dantas), antiga colega de profissão e amiga, chega a essa casa com uma missão que poderá mudar para sempre a vida do casal. Para complicar as coisas, Robin teve uma relação com Rose no passado.  

Ficha Técnica:

Texto: Lucy Kirkwood. Tradução: Diego Teza. Direção: Rodrigo Portella. Elenco / Personagem:  Mario Borges (Robin), Analu Prestes (Dayse) e Andrea Dantas (Rose). Assistência de Direção: Mariah Valeiras. Cenário: Rodrigo Portella e Julia Deccache. Iluminação: Paulo Cesar Medeiros. Figurino: Rita Murtinho. Trilha Sonora Original: Marcelo H e Federico Puppi. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Preparação Corporal: Marcelo Aquino. Programação Visual: Victor Hugo Ceccato. Produção Executiva: Bárbara Montes Claros. Direção de Produção e Administração: Celso Lemos.

Serviço:

AS CRIANÇAS – Reestreia dia 14 de março, sábado, às 20h30 no TEATRO EVA HERZ.

Temporada: Sábado, às 20h30, e domingo, às 18h, até 31 de maio. Duração: 100 Minutos. Capacidade: 166 pessoas. Ingressos: R$ 80 (Inteira) e 40 (Meia). Classificação: 14 anos. Gênero: tragédia cômico-delirante.

TEATRO EVA HERZ

Av. Paulista, 2073 – Cerqueira César, São Paulo – SP. Metrô Consolação.

Capacidade: 168 lugares (quatro lugares para cadeirantes).Bilheteria: Terça a sábado, das 14h às 21h; domingo, das 12h às 19h. Informações: (11) 3170-4059.Vendas Ingresso Rápido.

Assessoria de imprensa

Adriana Balsanelli

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