Coletivo de Teatro Alfenim
Paraibano Coletivo de Teatro Alfenim desembarca no TUSP para curta temporada dos espetáculos Memórias de um Cão e Helenas
A primeira peça é dirigida por Márcio Marciano e inspirada no romance ‘Quincas Borba’, de Machado de Assis; já a segunda é infantojuvenil, dirigida por Paula Coelhoe baseada no livro ‘Minha Vida de Menina: os Diários de Helena Morley’, de Maria Caldeira Brandt
Com 13 anos de trajetória, o Coletivo de Teatro Alfenim, natural de João Pessoa, na Paraíba, apresenta ao público paulistano dois de seus trabalhos em curtíssima temporada na Sala Multiuso do TUSP – Teatro da USP. Voltado ao público adulto, Memórias de um Cãofica em cartaz entre 11 e 14 de abril,de quinta a domingo, com ingressos grátis e uma sessão especial com intérprete em Libras, no dia 11, quinta-feira. Já o infantojuvenil Helenas tem sessões entre 18 e 21 de abril, com ingressos por até R$20.
A circulação de Memória de um Cão pelas cidades de São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ e Vitória/ES é possível por meio da Lei 8.313/91 – Lei Rouanet, e do Programa Petrobras Distribuidora de Cultura.
Memórias de Um Cão
Memórias de um cão parte do estudo da obra de Machado de Assis para propor uma abordagem crítica das estratégias de dissimulação, engodo e autoengano que marcam no campo subjetivo e político as relações sociais do Brasil. Narra a trajetória de ascensão e queda de Rubião, um mestre-escola interiorano que, às vésperas da abolição da escravatura, se muda para a Corte, após receber uma herança de seu benfeitor, Quincas Borba, um típico escravocrata, autodenominado filósofo, que ocupa seus dias ociosos de proprietário e rentista com especulações amalucadas sobre a “natureza humana”.
Como condição para usufruir a herança, o recém-endinheirado deve cuidar do cão Quincas Borba, que tem o mesmo nome de seu benfeitor. Essa exigência testamentária, uma variante do pacto fáustico, traduz na prática as determinações do “Humanitismo”, espécie de doutrina heterodoxa criada por Quincas Borba, cujo princípio pode ser sintetizado na máxima “Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”.
Tornado capitalista da noite para o dia, Rubião irá flanar pelas ruas elegantes de um Rio de Janeiro em processo vertiginoso de modernização, buscando inserir-se num círculo de relações de favor, marcadas pelo preconceito de classe e pela futilidade de um mundo apartado do trabalho.
Enquanto torra o dinheiro da herança, o mestre-escola experimenta uma vida de luxos e compensações imaginárias a tal ponto irreais que pensa ser o próprio Imperador francês Napoleão III, numa clara alusão às pretensões da elite brasileira de tornar o
Brasil uma nação do primeiro mundo, com a importação de um liberalismo fora do lugar e vistas grossas ao tráfico de escravos.
A partir da leitura do romance Quincas Borba,o Coletivo Alfenim propõe uma alegoria tragicômica da desfaçatez com que a elite econômica e cultural brasileira tenta isentar-se de sua responsabilidade histórica pela barbárie que marca o processo de modernização do país.
Pautando-se pela ironia contida nessa espécie de anti-romance modelar, o espetáculo procura expor as contradições de uma sociedade em formação que almeja reconhecer-se no espelho da modernidade, sem abrir mão de prerrogativas de classe como a exploração da mão de obra escrava, a espoliação do incipiente trabalho livre e a apropriação da riqueza nacional por parte de sua elite econômica, a partir da instrumentalização das instâncias do poder público, numa nação recém-saída da condição de colônia portuguesa. E o faz tendo em mente que as semelhanças com a atualidade não são mera coincidência.
Sobre o Programa Petrobras Distribuidora de Cultura: é uma seleção pública que tem como objetivo contemplar projetos de circulação de espetáculos teatrais não inéditos, em parceria do Ministério da Cultura. No último edital foram investidos R$ 15 milhões. Ao todo, foram escolhidos 57 espetáculos, representantes de todas as regiões do País, com apresentações em todos os estados.
Helenas
O mais recente trabalho do Coletivo Alfenim, o espetáculo infantojuvenil Helenas, com dramaturgia de Márcio Marciano e direção de Paula Coelho, é inspirado no livro “Minha Vida de Menina: os Diários de Helena Morley”, pseudônimo de Maria Caldeira Brandt, que viveu em Diamantina (Minas Gerais).
A peça retrata impressões registradas no diário de uma adolescente entre seus treze e quinze anos de idade que viveu no final do Século XIX. Apesar de tratarem-se de acontecimentos de infância vividos em um ambiente rural em vias de urbanização, o encantamento e a ironia com que a menina Helena descreve suas descobertas confere à narrativa uma extrema atualidade.
Raça, gênero, crença, educação, bem como o lugar da mulher em uma sociedade patriarcal, são tratados a partir do olhar – ao mesmo tempo inocente e desafiador – de uma menina que não se prende a regras ou estereótipos. O elenco é formado por Edson Albuquerque, Mayra Ferreira, Murilo Franco e Vítor Blam.
Sobre o Coletivo de Teatro Alfenim
O Coletivo de Teatro Alfenim surgiu em maio de 2006, em João Pessoa (PB), por iniciativa do dramaturgo e diretor paulistano Márcio Marciano. O grupo desenvolve estudos para a criação de dramaturgias próprias com base em temas brasileiros. Em paralelo às montagens, organiza eventos como seminários, oficinas e debates abertos sobre os temas da pesquisa, tendo em vista a formação de plateia. Suas atividades formativas, bem como as temporadas de repertório, acontecem na Casa Amarela, a sede do grupo na cidade de João Pessoa.
As peças que fazem parte do repertório da companhia são Helenas (2018), Memórias de um Cão (2015), Brevidades (2013), O Deus da Fortuna (2011), Milagre Brasileiro (2010), História de Sem Réis (2010) e Quebra-Quilos (2007).
Ficha técnica de Memórias de um Cão:
Elenco: Adriano Cabral, Lara Torrezan, Paula Coelho, Ricardo Canella, Verônica Sousa, Vítor Blam e Zezita Matos. Músicos: Mayra Ferreira e Nuriey Castro. Dramaturgia: Márcio Marciano. Assistência dramatúrgica: Gabriela Arruda. Composição musical: Márcio Marciano, Marília Calderón, Mayra Ferreira, Nuriey Castro, Paula Coelho, Vítor Blam e Walter Garcia. Figurino: Patrícia Brandstatter. Assistentes de figurino: Paula Coelho e Vítor Blam. Cenografia: Márcio Marciano e Patrícia Brandstatter. Iluminação: Ronaldo Costa. Máscaras e caracterização: Coletivo Alfenim e Vilmara Georgina. Direção de arte e designer gráfico: Patrícia Brandstatter. Direção musical: Mayra Ferreira e Nuriey Castro. Consultoria literária: José Antônio Pasta e Iná Camargo Costa. Consultoria musical: Marília Calderón e Walter Garcia. Produção executiva: Gabriela Arruda. Produção/São Paulo: Natália Salles. Direção: Márcio Marciano. Realização: Coletivo Alfenim. Patrocínio: Petrobras.
Ficha técnica de Helenas:
Elenco: Edson Albuquerque, Mayra Ferreira, Murilo Franco e Vítor Blam. Cenografia e figurinos: Maria Botelho. Painel de fundo: Giga Brow. Iluminação: Ronaldo Costa. Design gráfico: Patrícia Brandstatter. Preparação vocal: Mayra Ferreira. Oficina de preparação corporal: Dudu Galvão. Costureiras: Maria Célia dos Santos e Rosângela Pereira Freitas. Pesquisa e composição musical: Joseph Cavalcante, Márcio Marciano, Mayra Ferreira, Murilo Franco, Paula Coelho e Vítor Blam. Dramaturgia: Márcio Marciano. Direção: Paula Coelho. Produção executiva: Gabriela Arruda. Administração: Adriano Cabral. Realização: Coletivo de Teatro Alfenim. Agradecimentos especiais: Clara Anzolim, Jamila Facuri, Pedro Paz, Tarciana Gomes, Equipe Alfenim (Lara Torrezan, Nuriey Castro, Ricardo Canella, Soia Lira, Vera Cavalcanti e Zezita Matos), Edson Albuquerque Tatá Ferreira, Márcio Luiz, José Tonezzi, Regina Célia, Marcos Aragão, Raphael Aragão, Kio Lima, Thalita Sales, Janaína Lacerda.
Serviço:
MEMÓRIAS DE UM CÃO – Estreia dia 11 de abril no TUSP
Duração: 95 minutos. Classificação: 14 anos. Ingressos: Grátis, distribuídos uma hora antes da sessão.
Temporada: de 11 a 14 de abril. – Quinta-feira, às 20h (sessão com intérprete em Libras).
Sexta-feira e sábado, às 21h. Domingos, às 20h.
HELENAS – Estreia dia 18 de abril no TUSP
Duração: 60 minutos. Classificação: 10 anos. Ingressos: R$20 (inteira) e R$10 (meia-entrada).
Temporada: de 18 a 21 de abril. De quinta a sábado, às 21h; e aos domingos, às 20h.
TUSP – TEATRO DA USP – Sala Multiuso – Rua Maria Antônia, 294 – Vila Buarque.
Bilheteria: abre com uma hora antes do início dos espetáculos. Capacidade: 72 lugares. Pagamento apenas em dinheiro e cheque. Informações: (11) 3123-5222.
Informações para imprensa:
Adriana Balsanelli
Fone: 11 99245 4138