Atos Íntimos Contra o Embrutecimento

Artistas do Coletivo Teatro Dodecafônico ocupam espaços urbanos provocando alteração no fluxo da cidade

O grupo irá atuar em cinco bairros da cidade de São Paulo no período de agosto a dezembro. A cada mês acontece uma oficina aberta ao público e a realização de uma intervenção urbana. As atividades são gratuitas.

Atualmente, metade da população mundial vive nas cidades. As ruas, praças e os equipamentos urbanos até pouco tempo eram vistos somente como lugar de passagem. Entretanto, a concepção do uso do espaço público está mudando. Hoje a ocupação deles chega a ser um ato político além de possibilidade de interação e encontro com outras pessoas. 

Pensar a vida na sociedade urbana e nos modos de ocupação das cidades é uma prática para os artistas do Coletivo Teatro Dodecafônico no projeto Atos Íntimos Contra o Embrutecimento, uma série de intervenções urbanas e oficinas (chamadas derivas abertas) que o grupo apresenta em cinco regiões de São Paulo até dezembro. O projeto foi contemplado pelo prêmio Funarte Artes de Rua 2014.

As regiões e espaços escolhidos como ponto de apoio são: Centro, ponto de encontro em frente a Galeria Olido, dia 20 de agosto (deriva aberta) e dia 27 de agosto (intervenção); Jardim Damasceno – Zona Norte, no Espaço Cultural Jardim Damasceno, dia 17 de setembro (deriva aberta) e dia 24 de setembro (intervenção); Paulista, ponto de encontro (a definir), dia 22 de outubro (deriva aberta) e dia 29 de outubro (intervenção); Vila Anglo – Zona Oeste, ponto de encontro (a definir), dia 19 de novembro (deriva aberta) e dia 26 de novembro (intervenção) e Bexiga, ponto de encontro (a definir), dia 10 de dezembro (deriva aberta) e 17 de dezembro (intervenção). As Derivas Aberta (oficina) acontecem das 14h às 18h e as intervenções sempre às 16h.

Tanto as performances, como as derivas abertas são gratuitas e realizadas pelos atores-performers Aline Baba, Anna Zêpa, Beatriz Barjud, Beatriz Cruz, Hideo Neto, Luisa Hokema, Mônica Lopes, Paloma Carvalhedo, Pedro Galiza, Ricardo Mandarric, Sandra Ximenez  e Tatiana Ribeiro. Para participar das oficinas é necessário ser maior de 16 anos e fazer inscrição pelo email teatrododecafonico@gmail.com

Teatro performativo

O Coletivo Teatro Dodecafônico está acostumado a transitar entre o teatro e outras linguagens artísticas, em especial a performance, a dança e o cinema, propondo olhares diferentes para ambientes conhecidos. Em seu mais recente espetáculo, ¡Salta!, que estreou em 2013, o grupo flertava com o cinema de Lucrecia Martel e algumas cenas eram movimentos coreografados como na dança. Após o mergulho no ambiente interno do teatro, o Coletivo volta à rua como espaço de encontro e de experiência corporal da cidade.

A intervenção é formada por um programa de ações que trabalham 3 eixos de investigação: relação do corpo com a arquitetura da cidade, alterações temporais no fluxo de circulação dos espaços públicos de passagem e interação dos espectadores com os performers. “Como se trata de uma intervenção urbana, acabamos lidando com dois tipos de público. Pessoas que acompanham o percurso e os transeuntes que ocupam o espaço urbano ou apenas passam por ele no momento da ação, por isso optamos por fazer a tarde, em horários de grande circulação. Cada ação estabelece uma forma de relação própria. Num determinado momento, propomos maneiras de alteração dos fluxos, em outra nos relacionados diretamente com as pessoas interagindo ou fazendo perguntas”, explica a performer Beatriz Cruz.

Atos Íntimos Contra o Embrutecimento começou em 2014 quando o coletivo realizou uma residência artística na SP Escola de Teatro. “Abrimos inscrições para interessados em ocupar a cidade e pensar a rua, o espaço urbano, como espaço de ação. Na época tivemos muita gente inscrita. Após um semestre de residência se formou o grupo  de performers que integram o projeto”, conta Beatriz Cruz.

O coletivo partiu da ideia de deriva (apropriação do espaço urbano por meio da ação do andar sem rumo) praticada pelo Movimento Situacionista da década de 60 e praticada muito antes por outros estudiosos e artistas, como Charles Baudelaire, Walter Benjamin, Flavio de Carvalho, Hélio Oiticica e outros. “Nos propusemos a fazer derivas pela cidade, pensar e praticar o que seria então a Deriva Dodecafônica. Essa forma de estar no espaço urbano passou a ser a forma como grupo apreende um espaço e se coloca em relação com a cidade”, fala Sandra Ximenez.

Dessas experiências, recolheram materiais como fotos, vídeos e relatos que estão sendo organizados para outras ações artísticas como a Ocupação Errar é Urbano (oficinas, encontros com outros grupos, palestras com pensadores etc),uma exposição, uma encenação em deriva a ser realizada em 2016, entre outras atividades. Todo material de pesquisa está sendo compartilhada no blog do Coletivo em www.teatrododecafonico.blogspot.com.br.

Derivas Abertas

As derivas abertas, como são chamadas as oficinas,  acontecem sempre uma semana antes de cada intervenção. É o momento de chegada dos performers no espaço, ao mesmo tempo em que se abre o processo para o público. O Coletivo Teatro Dodecafônico convida pessoas interessadas em participar de uma vivência para ocupação da cidade e compartilhar os procedimentos que tem utilizado na apropriação e criação de ações artísticas no espaço urbano.

São 4 horas de duração (das 14h às 18h) onde o Coletivo propõe práticas de deriva (a partir dos procedimentos que vem trabalhando) e formas de pensar os relatos dessas práticas. Normalmente, os relatos acabam compondo a intervenção, assim como o percurso é definido a partir das experiências e espaços descobertos nas derivas.  

Os interessados  devem fazer inscrição pelo e-mail teatrododecafonico@gmail.com com nome completo, idade (acima de 16 anos) e telefone de contato.

Sobre o Coletivo Teatro Dodecafônico

Grupo de artistas reunidos em torno da pesquisa de procedimentos para a composição da cena teatral contemporânea, na qual todos os elementos da linguagem cênica (texto, espaço, corpo, tempo e som) têm igual relevância. Têm especial interesse para o Coletivo propor interações entre o teatro e outras linguagens como cinema, dança e performance. O corpo é trabalhado a partir dos princípios técnicos desenvolvidos por Klauss Vianna. Os atores assumem figuras; raramente, são vistos como personagens. As figuras são compostas por meio da composição corporal, físico-vocal.

A pesquisa do Coletivo Teatro Dodecafônico começou em 2007, com a criação de Isaura S/A + 1 Experimento Hidráulico, parte prática da pesquisa de mestrado de Verônica Veloso, que buscava na poética cinematográfica inspiração para a criação cênica. A segunda montagem do Coletivo, O Disfarce do Ovo – uma reação à Clarice Lispector, que estreou em 2009, reagiu aos contos Legião Estrangeira e O Ovo e a Galinha. Na terceira encenação, O Que Ali Se Viu, que estreou em 2010, o Coletivo se propôs a reagir às Alices de Lewis Carroll – Alice no País das Maravilhas e Alice Através do Espelho –, como ponto de partida para uma reflexão sobre a infância.

Em setembro de 2011, o Coletivo foi contemplado pelo Programa de Fomento ao Teatro, com o Projeto Decupagem Dodecafônica. Nele, o Coletivo compartilhou seu processo de criação em duas vertentes: São Paulo Através do Espelho, onde o foco se voltou para a cidade de São Paulo, realizando oficinas que resultaram na criação de intervenções urbanas; a criação da nova encenação, ¡SALTA!uma reação à Lucrecia Martel, que estreou em Janeiro de 2013.

Serviço:

Atos Íntimos Contra o Embrutecimento com o Coletivo Teatro Dodecafônico.

Centro

Ponto de encontro: Galeria Olido – Avenida São João, 473 – Centro.

Dia 20 de agosto, quinta-feira – Deriva Aberta das 14h às 18h

Dia 27 de agosto, quinta-feira – Intervenção, às 16h

Jardim Damasceno – Zona Norte

Ponto de encontro: Espaço Cultural Jardim Damasceno – Rua Talha Mar, 105 – Jardim Damasceno.

Dia 17 de setembro, quinta-feira – Deriva Aberta das 14h às 18h

Dia 24 de setembro, quinta-feira – Intervenção, às 16h

Paulista

Ponto de encontro: a definir

Dia 22 de outubro, quinta-feira – Deriva Aberta das 14h às 18h

Dia 29 de outubro, quinta-feira – Intervenção, às 16h

Vila Anglo – Zona Oeste

Ponto de encontro: a definir

Dia 19 de novembro, quinta-feira – Deriva Aberta das 14h às 18h

Dia 26 de novembro – Intervenção, às 16h

Bexiga

Ponto de encontro: a definir

Dia 10 de dezembro, quinta-feira – Deriva Aberta das 14h às 18h

Dia 17 de dezembro, quinta-feira – Intervenção, às 16h

Classificação etária: Livre. Duração da performance: 60 minutos. Todas as atividades são grátis. Telefone para informações: Coletivo Teatro Dodecafônico 98472-4848 e 98371-2560

Informações para imprensa

Adriana Balsanelli

Fone: 11 99245 4138

imprensa@adrianabalsanelli.com.br