Condomínio Visniec
Inspirada em monólogos de dramaturgo romeno, peça Condomínio Visniec estreia no Sesc Ipiranga com direção de Clara Carvalho
Espetáculo sobre a solidão contemporânea é baseado em seis solos reunidos na coletânea ‘O Teatro Decomposto ou O Homem – Lixo’.
Considerado um dos principais representantes contemporâneos do Teatro do Absurdo, o dramaturgo romeno Matéi Visniec tem seis de seus monólogos visitados pelo espetáculo Condomínio Visniec, com direção de Clara Carvalho, que estreia no dia 15 de março no Sesc Ipiranga e segue em temporada até 7 de abril. O elenco é composto por Ana Clara Fischer, Felipe Souza, Mônica Rossetto, Rafael Levecki, Rogério Pércore e Suzana Muniz.
A encenação é resultado de um processo de pesquisa sobre a obra do autor romeno, desenvolvido por Clara Carvalho desde 2015 numa oficina de atores profissionais do Grupo TAPA. Esse núcleo de pesquisa também foi responsável pela criação da peça Máquina Tchekhov, que estreou em 2015 no Instituto Cultural Capobianco e foi indicada aos prêmios APCA, Shell e Aplauso Brasil.
A montagem é inspirada em seis monólogos de Visniec – O Corredor, O Homem do Cavalo, O Adestrador, O Homem da Maçã, A Louca Tranquila e O Comedor de Carne – reunidos na coletânea de peças O Teatro Decomposto ou O Homem – Lixo. Todos esses personagens de contornos surrealistas que dão nome aos solos são criados na encenação pela figura de uma escritora que escreve compulsivamente. “A figura da escritora surgiu a partir de um dos personagens da coletânea, “O Corredor”. Na trama, é como se ela criasse essas figuras e, ao mesmo tempo, as criaturas também a recriassem”, explica Clara Carvalho.
A partir de um mergulho no conflito interno dessa escritora, surgem em cena criaturas híbridas (meio humanas, meio animais), que povoam a imaginação da autora, gerando esse condomínio. Elas trazem à tona a solidão, os desejos, as angústias, as obsessões, os impulsos predatórios e a busca por uma possível redenção.
“A peça é uma meditação poética sobre a condição humana e a possibilidade de superação dos nossos conflitos, para que possamos derrubar os muros que nos dividem e caminhar em direção a uma sociedade menos predadora, devoradora, agressiva e solitária. A história desemboca em um amanhecer de frente para o mar, depois de uma travessia cheia de paisagens internas turbulentas. Mas esse universo sombrio se dissipa, aponta para a esperança. Visniec é um autor sempre bem-humorado e delicado que tenta abraçar a humanidade e tem enorme compaixão. É o que sempre me encantou na obra dele”, acrescenta a diretora.
Com atmosfera onírica e surrealista, a encenação adota como referências visuais os quadros de alguns pintores, como o expressionista Edvard Munch (1863-1944) e o surrealista belga René Magritte (1898-1967). Além disso, a trilha sonora delicada, criada por Mau Machado especialmente para a peça, tem inspiração na obra do compositor estoniano Arvo Pärt (1935). Os figurinos de Marichilene Artisevskis remetem aos anos de 1950 e também fazem alusão ao universo dos pintores mencionados.
Já o cenário minimalista é composto apenas por uma mesa e cinco cadeiras, que ganham diferentes significados ao longo da encenação. A iluminação, feita por Vagner Pinto, é responsável por criar essas atmosferas oníricas que representam o universo interno de cada personagem.
O espetáculo foi contemplado com o edital ProAc nº 01/2018 para Produção de Espetáculo Inédito e Temporada de Teatro.
Sobre Matéi Visniec
Nascido em 29 de janeiro de 1956 em Radauti, na Romênia, Matéi Visniec vivenciou a ditadura de Ceausescu. Ainda jovem, deixa sua cidade e vai para a capital Bucareste estudar filosofia. Acreditava que o teatro e a poesia podiam denunciar a manipulação do povo por meio das grandes ideologias. Em 1987, é reconhecido na Romênia por sua poesia depurada, lúcida, ácida, mas ainda proibida para o palco. Aos 31 anos, muda-se para a França. Em apenas três anos, começa a escrever em francês e converte a sua limitação na língua em elemento criativo. Paris passa ser a sua pátria mental. É um escritor da resistência, nunca escreveu peças comerciais. Escreve poesia e romance em romeno, mas teatro, sempre em francês. Visniec tem parentesco com o surrealismo e com o teatro do absurdo. Suas peças cheias de humor (muitas vezes um humor negro) e silêncios são editadas e encenadas em diversos países.
Sobre Clara Carvalho
Diretora, professora e tradutora, Clara Carvalho é uma das atrizes mais premiadas de sua geração. Ela foi indicada três vezes ao Prêmio Shell por Ivanov, Frankensteins e Ou Você Poderia Me Beijar. Venceu, em 2002, o Shell por Órfãos de Jânio e, no mesmo ano, o Prêmio Qualidade Brasil de melhor atriz por Major Bárbara. Ganhou o Prêmio APCA de 2003 por Frankensteins e o Prêmio Mambembe 1998 por Ivanov. Em 2011, foi indicada ao Prêmio APCA de melhor atriz por sua atuação em Espectros. Em 2014 é novamente indicada ao Prêmio APCA por Preto no Branco, no Núcleo Experimental de Teatro. Em 2012, recebeu indicação ao Prêmio Quem de melhor atriz por seu trabalho em Isso é o que Ela Pensa, de Alan Ayckbourn. Em 2013, foi indicada aos prêmios Aplauso Brasil e APTR por sua atuação em Anti-Nelson Rodrigues, de Nelson Rodrigues.
Clara ainda dirigiu os espetáculos A Reação (2014), de Lucy Prebble; A Máquina Tchekhov (2015), de Matéi Viscniec, em parceria com Denise Weinberg, indicada aos prêmios APCA (melhores direção e espetáculo) e Aplauso Brasil (melhores espetáculo e elenco); Órfãos (2011), de Dennis Kelly, montagem vencedora do Festival de Teatro da Cultura Inglesa de São Paulo; e Valsa nº6 (2009), de Nelson Rodrigues.
Ficha técnica:
Texto: Matéi Visniec. Direção: Clara Carvalho. Elenco: Ana Clara Fischer, Felipe Souza, Mônica Rossetto, Rafael Levecki, Rogério Pércore, Suzana Muniz. Tradução: Luiza Jatobá. Assistente de Direção: Mau Machado. Figurino: Marichilene Artisevskis. Música Original: Mau Machado. Desenho de Luz: Wagner Pinto. Assistente de Iluminação: Carina Tavares. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli. Gerenciamento de Mídias Sociais: Gigi Prade. Design Gráfico: Mau Machado. Fotos: Ronaldo Gutierrez. Fotos (registro processo): Roberto Lajolo. Operação de Luz: Anna Greghi. Operação de Som: André Bedurê. Adereços: Luis Carlos Rossi. Costura e Modelagem: Judite Gerônimo de Lima. Costura de Enchimento: Paula Gaston. Alfaiate: Miguel Angel Arua. Envelhecimento: Foquinha Cris. Direção de Produção: Selene Marinho /SM Arte e Cultura. Coordenação de Produção: Ariel Cannal. Produção Executiva: Marcela Horta / SM Arte e Cultura.
Serviço:
CONDOMÍNIO VISNIEC – Estreia dia 15 de março no Sesc Ipiranga
Duração: 55 minutos. Classificação: 14 anos. Ingressos: R$20 (inteira); R$10 (meia-entrada); R$6 (credencial plena). Temporada: de 15 de março a 7 de abril. Quintas e sextas, às 21h30; sábados, às 19h30; domingos, às 18h30.
SESC IPIRANGA – Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga.
Horário de funcionamento da unidade: de terça a sexta, das 7h às 21h30; aos sábados, das 10h às 21h30; e aos domingos e feriados, das 10h às 18h30. Capacidade teatro: 200 lugares. Informações: (11) 3340-2000. Vendas pela internet a partir do dia XX/X, no site: http://sescsp.org.br/ipiranga
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