Do Outro Lado do Mar

Premiada peça de El Salvador ganha montagem brasileira dirigida por Marcio Meirelles

Texto teatral rendeu à autora Jorgelina Cerritos o prêmio Casa de las Américas, em 2010. Primeira montagem brasileira tem encenação de Marcio Meirelles, conhecido pelo seu trabalho com o Bando de Teatro Olodum e o Teatro Vila Velha. A temporada digital tem Andréa Elia e Edu Coutinho no elenco.

Link para fotos – https://bit.ly/3uQMqm0

Primeira versão brasileira da obra de Jorgelina Cerritos, uma das mais importantes dramaturgas de El Salvador, Do Outro Lado do Mar estreia dia 30 de maio, em formato digital, com encenação do diretor baiano Marcio Meirelles. O elenco é formado por Andréa Elia e Edu Coutinho, que também assina a tradução do texto para o português, com a colaboração de Meirelles. As sessões acontecem ao vivo, no Novo Vila Virtual, palco virtual do Teatro Vila Velha de Salvador, sempre aos domingos, às 19h, até 20 de junho. O projeto é realizado pela Companhia Teatro dos Novos em parceria com o Toró Teatro.

No dia 2 de junho, quarta-feira, haverá bate-papo aberto ao público com a autora Jorgelina Cerritos, a partir das 19h, com transmissão gratuita pelo Canal do Teatro Vila Velha no YouTibe – www.YouTube.com/teatrovilavelha

Em uma praia deserta foi instalado um balcão de atendimento da prefeitura para serviços burocráticos. Ali, uma funcionária pública dedicada e prestes a se aposentar espera sozinha alguém que apareça precisando do seu trabalho. De um barco chega um homem jovem, em busca da emissão de um documento que comprove a sua existência, para que possa adotar um cachorro. Assim surge uma história carregada de poesia que, com aparente simplicidade, provoca uma profunda reflexão sobre o trabalho, a solidão e a busca de identidade.

Dorotea, mulher mais velha, responsável pela emissão de documentos, persegue uma ideia de sucesso associada à produtividade: vive para o trabalho e busca a felicidade sendo útil, servindo ao público. Já o jovem Pescador vive no mar, a princípio livre de qualquer preocupação com uma vida “oficial”. Numa relação que muda constantemente de frequência e temperatura, como o mar, o texto vai revelando também os diversos pontos que aproximam essas duas pessoas.

Marcio Meirelles indicou vários livros de autoras latino-americanas para Edu Coutinho. “Um dia ele me ligou dizendo que tinha achado o texto que queria fazer. E mais, já sugeria o elenco: além dele, Andréa Elia, de quem gosto muito.”

Para Edu Coutinho, o texto é muito poético apesar de tratar de questões políticos sociais. “É um texto que nos pega primeiro pela poesia, pela beleza das imagens contidas nas palavras, e que vai sutilmente nos virando de frente para as contradições dessa sociedade ocidental, capitalista, que padroniza os modos de vida e determina quais vidas valem mais, quais valem menos, quais aquelas que nem sequer existem”, comenta o ator e produtor do projeto.

Para a autora a obra nos coloca no território da solidão. “Uma solidão produto da exclusão criada pelos cânones das sociedades que nos isolam quando estamos fora da oficialidade ditada, que nos despersonalizam e nos reduzem a um nome, um gênero e um número oficial. Nos reduzem para preencher os censos como seres sozinhos, que sobrevivem em uma maré de absurdez, e que têm que lutar para existir, lutar para – verdadeiramente – poder ser.”

E a concepção da montagem parte daí.  “Um texto que trata de coisas que me interessam falar e um ator e uma atriz que me inspiram a falar junto, nessa polifonia que são as peças teatrais. E mais e antes, colaborar na tradução. Edu já tinha feito a base, o primeiro tratamento. E fomos investigando juntos o caminho da palavra, que é o caminho de Pescador, personagem que navega, em tanto lugar onde não consegue permanecer, por marear em terra firme,” conta Meirelles.

O cenário é sempre o mar. Mas às vezes o céu, as nuvens, o vento também têm algo a acrescentar à água para compor cor e ondas, calma e tumulto que acompanham os momentos, os diálogos, os atritos e fricções entre aquelas vozes, somando-se musicalmente à sonoridade da peça.

Jorgelina Cerritos ressalta o diálogo e o encontro que o espetáculo pode gerar no público brasileiro. “Com as conversas que tive com parte da equipe de criadores vem à tona a intensa conexão que a obra lhes provocou. Espero que o espectador faça junto conosco a viagem que o texto propõe até o vital, até o humano, até aquilo que costuma ser tão fugaz e efêmero como o teatro e como a vida.”

Nada é óbvio, como lembra a atriz Andréa Elia: “Venho conhecendo Dorotea, nascida da profunda e sensível escrita de Jorgelina Cerritos. Lembro do que ouvi de Márcio nos primeiros ensaios, quando queríamos entender as personagens: ‘Se explicarmos muito o mistério se perde’.”

Sobre Jorgelina Cerritos (dramaturgia)

Dramaturga, atriz e professora universitária salvadorenha. Fundadora do Coletivo Teatral Los del Quinto Piso, coeditora da coleção Cuadernos de Dramaturgia Centroamericana e facilitadora do programa de formação em escrita dramática do projeto Didascália. Autora de mais de trinta textos teatrais para públicos infantil e adulto, tem recebido diversos prêmios literários nacionais e internacionais, entre eles o Premio Literario Casa de las Américas (2010), Premio de Teatro Latinoamericano George Woodyard (2011), Bienal Internacional de dramaturgia femenina La escritura de las diferencias (2012).

Em El Salvador recebeu o título Gran Maestre en Dramaturgia Infantil e Gran Maestre en Dramaturgia para adultos (2004 e 2013, respectivamente). Suas obras têm sido publicadas, montadas e traduzidas em diversos países. Além do teatro, dedica-se à escrita de contos e poesias, áreas em que também ministra oficinas voltadas à escrita criativa e ao incentivo à leitura para crianças, jovens e professores da primeira infância e educação básica.

Sobre Marcio Meirelles (encenação)

Fundador do grupo Avelãz e Avestruz, 1976-1989. Criador e diretor do Espaço Cultural A Fábrica (1982) e diretor de um dos maiores centros culturais do Brasil – o Teatro Castro Alves (1987-1991). Em 1990 criou juntamente com Chica Carelli o Bando do Teatro Olodum.

Revitalizou o Teatro Vila Velha, e assumiu a direção artística em 1994. Entre seus trabalhos no teatro, destacam-se: o espetáculo Ó Pai Ó!, com o Bando de Teatro Olodum, Candances – A Reconstrução do Fogo, 2003, do grupo carioca Companhia dos Comuns, que virou samba enredo do Salgueiro no carnaval de 2007. Também co-dirigiu, com Werner Herzog, o espetáculo Sonhos de uma Noite de Verão, no Rio de Janeiro, para a ECO 92. Dirigiu, para o Bando, nova versão da comédia de Shakespeare premiada como melhor espetáculo pelo Prêmio Braskem, 2006.

Foi Secretário de Cultura do Estado da Bahia, 2007-2010, e em junho de 2011 assumiu novamente a direção do Teatro Vila Velha, onde criou em 2013 a Universidade Livre de Teatro Vila Velha. Dirigiu mais de 100 espetáculos, entre realizações no Brasil, na Europa e na África.

Ficha Técnica:

Texto: Jorgelina Cerritos. Tradução: Edu Coutinho com a colaboração de Marcio Meirelles.  Direção: Marcio Meirelles. Elenco: Andrea Elia e Edu Coutinho. Direção musical: Caio Terra e Ramon Gonçalves. Cenografia: Erick Saboya. Desenho de luz e direção de transmissão ao vivo: Moisés Victório. Vídeos: Rafael Grilo. Assistência de direção: Clara Trocoli. Arte gráfica: Ramon Gonçalves. Assessoria de imprensa local: Núcleo de Comunicação do Teatro Vila Velha. Assessoria de imprensa nacional: Adriana Balsanelli. Produção: Edu Coutinho. Realização: Toró Teatro, Companhia Teatro dos Novos e Teatro Vila Velha.

Serviço:

Espetáculo Do Outro Lado do Mar

De 30 de maio a 20 de junho de 2021. Domingos, às 19h.

Duração: 60 minutos.
Classificação etária: 14 anos.

Ingressos: a partir de R$10
Vendas em www.sympla.com.br/vilavelha

Transmissão: Novo Vila Virtual – palco virtual do Teatro Vila Velha.

Assessoria de Imprensa

Adriana Balsanelli

11 99245.4138 I imprensa@adrianabalsanelli.com.br