Escombros

Inédita no Brasil, Escombros, do inglês Dennis Kelly, ganha montagem dirigida por Clara Carvalho e estreia em curta temporada no Sesc Pompeia

Com Isabella Lemos e Iuri Saraiva no elenco, o espetáculo trata das lembranças de dois irmãos que vivem em permanente decomposição emocional em uma realidade permeada por conflitos, abusos, violência e tormentos

A premiada atriz e diretora Clara Carvalho (vencedora dos prêmios APCA, Aplauso Brasil e Shell) dirige a peça inédita Escombros (do original Debris), o primeiro texto do autor inglês contemporâneo Dennis Kelly. O espetáculo traz no elenco Isabella Lemos e Iuri Saraiva (vencedor do prêmio APCA 2019 pela atuação em Jardim de Inverno) e estreia no dia 4 de julho de 2023 no Espaço Cênico do Sesc Pompeia, onde segue em cartaz até 21 de julho, com sessões de terça a sexta, às 20h30.

Considerada pelo próprio autor a sua obra mais autobiográfica, Escombros é uma peça de um ato, na qual os irmãos Michael e Michelle narram versões da história de suas vidas, fantasiando o passado e procurando um sentido para sua infância pobre e conturbada.

O espetáculo começa com o monólogo de Michael sobre a memória de voltar para casa no dia do seu aniversário de 16 anos, abrir a porta do apartamento e encontrar seu pai, um alcoólatra convertido ao catolicismo e fanático por Jesus, crucificado no meio da sala de visitas. Já Michelle é obcecada pela morte da mãe e cria versões contraditórias sobre a forma como ela teria morrido e sobre como ela, Michelle, teria nascido.

A trama intercala essas narrativas dos irmãos, mostrando a luta desesperada pela sobrevivência em um universo em que o abuso sexual, a pobreza, a violência e a dor estão constantemente presentes. Dennis Kelly cria um mundo onde as mães morrem antes de dar à luz, onde bebês nascem do lixo e, famintos, mamam sangue nos mamilos dos homens.

Com uma escrita precisa, fragmentada e de um humor sombrio, a peça aborda temas indigestos, em uma narrativa vertiginosa. “A linguagem da peça é exuberante e encantadora na sua crueza. O que temos são sempre versões do que aconteceu. Michael nos conta, por exemplo, como encontrou no lixo o bebê Debris. Em algumas cenas os irmãos contracenam, encenando situações de abuso que viveram. A linguagem do autor é bruta, mas muito sofisticada, engraçada e extremamente poética”, diz Clara Carvalho.

É o segundo texto de Dennis Kelly que Clara dirige. “Eu já tinha dirigido uma peça chamada Órfãos, em 2012, uma montagem que ganhou o Festival da Cultura Inglesa e depois fez uma temporada com patrocínio da Vivo. Foi a atriz Isabella Lemos que me apresentou a ele. O autor é uma das vozes mais interessantes do teatro inglês contemporâneo”, conta Clara.

“Esta peça volta ao tema da orfandade. Mais uma vez os protagonistas são dois irmãos que tiveram uma infância de abandono, mas sobreviveram. Acho que a sensação de perplexidade e abandono social de dois jovens frutos de uma família disfuncional recriando as próprias vidas é muito tocante. Minha preocupação é fazer com que o texto brilhe na boca e no corpo dos atores; é mostrar a riqueza que emerge daquelas duas criaturas tão maltratadas, sem perder a centelha da graça e da fantasia”, acrescenta a diretora. “Numa outra camada, essa mãe tão maltratada de que a peça fala, talvez seja também nosso planeta Terra, que já não consegue se proteger de uma humanidade compulsivamente destrutiva”.

A atmosfera de Kelly neste texto tem ressonância com a obra de Samuel Beckett, em que os seres humanos foram abandonados em um mundo regido por um Deus indiferente. A encenação conversa com a realidade cinzenta e detonada dos quadros do pintor alemão Anselm Kieffer, com os azulejos cortados de Adriana Varejão, com a cultura pop e a TV, diz Clara.

A montagem conta com cenografia de Eric Lenate, figurinos de Marichilene Artisevskis, trilha de Ricardo Severo e iluminação de Nicolas Caratori.

Sobre o autor Dennis Kelly

Dennis Kelly é um dramaturgo britânico internacionalmente reconhecido. Entre suas peças, estão Escombros, de 2003; Osama, o Herói, de 2004, vencedor do prêmio Meyer Witworth de 2006; Após o Fim, de 2005; Amor e Dinheiro, de 2006; Cuidando do Bebê, também de 2006, vencedor do Prêmio John Whiting em 2007; DNA, de 2007; Órfãos, de 2009, vencedor do Prêmio Fringe First and Herald Angel de 2009; e O Choro de Deus.

Em 2009, Dennis foi eleito o melhor autor estrangeiro pelo Theatre Heute, na Alemanha. Seus trabalhos para o rádio incluem A Colônia, para a BBC, em 2004, que lhe rendeu o Prêmio Prix Europa de melhor drama europeu para rádio e 12 Ações, também para a BBC, em 2005. Dennis foi co-autor da premiada série de comédia Pulling. Escreveu também o musical Matilda, que lhe rendeu o prêmio Tony em 2013 de melhor texto para musical.

Sobre a diretora Clara Carvalho

Iniciou sua trajetória artística no balé e foi integrante do Corpo de Baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 1986, veio com o Grupo Tapa para São Paulo com o espetáculo O Tempo e os Conways. Radicou-se em São Paulo, dedicando-se definitivamente ao teatro como atriz, diretora, tradutora e professora.

Foi indicada cinco vezes ao Prêmio Shell: por Um Inimigo do Povo (2023); Ivanov (1998); Frankensteins (2002), Órfãos de Jânio (2001) e Ou Você Poderia me Beijar (2014). Ganhou os prêmios Shell com Órfãos de Jânio; Qualidade Brasil de melhor atriz em 2002 por Major Bárbara; APCA 2003 por Frankensteins e o Mambembe em 1998 por Ivanov. Em 2011, foi indicada ao Prêmio APCA de melhor atriz em Espectros e em 2014, foi indicada ao Prêmio APCA por Preto no Branco.

Em 2019, Clara foi indicada ao Prêmio APCA e Aplauso Brasil de Melhor Direção por Condomínio Visniec; 2015, foi indicada ao APCA de Melhor Direção e Melhor Espetáculo por A Máquina Tchekhov, de Matéi Visniec.

Ficha técnica:

Título Original: Debris. Autor: Dennis Kelly. Direção: Clara Carvalho. Elenco: Isabella Lemos e Iuri Saraiva. Arquitetura Cênica: Eric Lenate. Figurino: Marichilene Artisevskis. Música original: Ricardo Severo. Iluminação: Nicolas Caratori. Direção de Vídeo e Videomapping: André Grynwask e Pri Argoud (Um Cafofo). Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Fotos: Ronaldo Gutierrez. Gerenciamento de Mídias Sociais: SM Arte Cultura. Designer: Denise Bacellar. Registro em vídeo: Ícarus Audiovisual. Produção: SM Arte e Cultura. Direção de produção: Selene Marinho. Produção executiva: André Roman. Cenotécnico: Jorge Luiz Alves. Envelhecimento de figurino: Foquinha Cris. Direção de palco: Henrique Pina. Operação de Som: Rafael Thomazini.

Serviço:
Escombros

De 4 a 21 de julho de 2023, terça a sexta, às 20h30.

Espaço Cênico

Capacidade: 48 lugares

Duração: 75 minutos

Ingressos R$10 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculados no Sesc e dependentes), R$15 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$30 (inteira).

Venda online a partir de 27 de junho 17h no aplicativo credencial Sesc SP e em central de relacionamento sescsp.org.br

Venda presencial nas unidades do Sesc SP a partir 28 de junho 17h.

Bilheteria: de terça a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos e feriados, das 10h às 19h

Classificação indicativa: 16 anos

Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93.

Não temos estacionamento. Para informações sobre outras programações, acesse o portal: sescsp.org.br/pompeia

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