Eu Não Sou Harvey

Com texto e direção de Michelle Ferreira, Eu Não Sou Harvey – O Desafio das Cabeças Trocadas estreia no Sesc Pinheiros no dia 13 de fevereiro

Solo interpretado e idealizado pelo ator Ed Moraes é inspirado nos últimos dias da vida do ativista norte-americano Harvey Milk, um ícone na luta pelos direitos das pessoas LGBTQIA+ que foi brutalmente assassinado em 1978

Em resposta à triste realidade do Brasil atual, país que mais mata a comunidade LGBTQIA+ no mundo, o solo Eu Não Sou Harvey – O Desafio          das Cabeças Trocadas, idealizado e interpretado por Ed Moraes,inspira-se na figura de Harvey Milk (1930-1978), o primeiro político dos EUA a se assumir homossexual e um dos principais ativistas na luta pelos direitos humanos. A peça, escrita e dirigida por Michelle Ferreira, estreia no dia 13 de fevereiro no Sesc Pinheiros, onde segue em cartaz até 14 de março.

Em cena, um ator que aceitou o desafio de viver o ativista percorrerá uma trajetória inusitada, do Brasil colonial até os Estados Unidos de 1978, tentando provar uma tese sobre esse assassinato.

Sobre a idealização da peça, o ator Ed Moraes conta que passou por um período de crise criativa em 2014, quando não conseguia mais encontrar algo na dramaturgia que reverberasse dentro dele.

“Decidi falar do primeiro político assumidamente gay dos EUA a ser eleito, um agente transformador e ícone mundial do movimento LGBTQIA+, que teve apenas 11 meses de mandato e que foi brutalmente assassinado. Não preciso nem dizer que essa era a ponte que ligava São Francisco (Califórnia) de 1970 ao Brasil atual e seu ranking mundial de assassinato à comunidade LGBTQIA+. Não dá pra ver nosso país alcançando esse posto e não fazer nada pra tentar refletir e problematizar sobre isso. Foi então que, anos depois, os caminhos me levaram até Michelle Ferreira, que já tinha escrito outra peça sobre homofobia, Tem alguém que nos odeia”, explica.

A encenação e o texto de Michelle Ferreira não têm a proposta de reconstruir de maneira factual e cronológica a trajetória de Milk. Ao invés disso, partem de vários símbolos e de cenas bem dinâmicas para traçar paralelos entre a figura do ativista norte-americano, a realidade brasileira e os processos históricos que levam a humanidade a cometer atrocidades como essa.

 “Eu diria que o solo é um passeio por alguns pensamentos econômicos, científicos e históricos que permeiam os últimos séculos da humanidade. Vivemos em um mundo complexo capitalista e temos que saber da nossa História e de onde as coisas vêm e por que elas acontecem. Então, a ideia é, através desses processos, contar por que uma coisa que parece impossível ou ridícula foi possível e se não tomarmos cuidado voltará a acontecer. E para mim era muito importante falar não apenas da vida de uma pessoa, mas dos processos históricos de toda a humanidade”, revela a diretora e autora Michelle Ferreira.

A encenadora ainda diz que a direção é toda pautada pelo trabalho do ator. “As referências da encenação são muito minimalistas. O foco desse trabalho é o Ed Moraes e o texto que o atravessa. É nisso que eu acredito sempre. O teatro acontece por meio do ator, na relação entre ele e a plateia. Em cena, tudo é um jogo. Ed joga com a luz, com o som e com a plateia. Os técnicos e a operação também são muito importantes. E esse diálogo é sempre focado na palavra e na presença do ator”, acrescenta.

Ed Moraes conta como esse processo criativo foi desafiador para sua carreira. “Em quase 20 anos no teatro eu nunca tinha feito nada parecido. Quando Michelle chegou com esse texto pronto eu fiquei apavorado. Quando acabei de ler tive uma crise de choro. Na hora entendi que o que tanto buscava, estava ali em minhas mãos. Porém, existia esse desafio, que era um mergulho de um ator, dentro dos fatos vividos por Harvey, ora flertando ser ele e ao mesmo tempo com um distanciamento biográfico, pela não obrigação de interpretar o mesmo, dizendo a todo instante ‘Eu não sou Harvey’. São as memórias dele. Mas são as minhas, as nossas também. Cada um sofreu uma violência em certo nível, tanto ele como eu, e isso dentro de mim ecoa a todo momento. Então um caminho possível era surfar essa onda vertiginosa, de a todo instante ser ou não ser Harvey, sem me apegar a cronologia. Me dedico apenas a dizer aquilo que fora minunciosamente escrito. Respeitando cada respiro, cada pontuação, cada suspensão. Nada mais importava além de compartilhar essa experiência fantástica de se contar uma estória. E que estória…”, revela Moraes.

Sinopse:

Um ator aceita o desafio de viver Harvey Milk, o primeiro homossexual assumido a ser eleito para um cargo público nos EUA. Em 50 minutos, o ator percorrerá uma trajetória inusitada, que vai do Brasil colonial, até o assassinato de Harvey em 1978. Durante esse tempo, ele tentará provar a tese sobre o seu assassinato.

Sobre a Cia dos Inquietos

Um coletivo de pesquisa fundado em 2009 por Ed Moraes e com a participação de artistas oriundos de diversas companhia e grupos teatrais já consagrados como Centro de Pesquisa Teatral (CPT), Teat(r)o Oficina, Uzyna Uzona, Sutil Companhia, Cia Fábrica de Teatro, Os Satyros e Núcleo experimental, entre outros, com intuito de pesquisar e difundir a nova dramaturgia e encontrar novas possibilidades em linguagens cênicas.

Cia dos inquietos estreia com a primeira montagem paulista de um texto do dramaturgo carioca Jô Bilac, com o espetáculo Limpe Todo o Sangue Antes que Manche o Carpete, cumprindo circulação por diversos estados, mais de 60 cidades, participando ainda de festivais nacionais e internacionais e vencedor de diversos prêmios e editais. Em 2012, a companhia estreia seu segundo trabalho Um verão Familiar, de João Fábio Cabral, espetáculo vencedor do prêmio Shell melhor atriz 2012 para Lavínia Pannunzio e indicação do diretor Eric Lenate na categoria especial.

O espetáculo Eu não sou Harvey – o Desafio das Cabeças Trocadas, de Michelle Ferreira, é o terceiro espetáculo da companhia e o primeiro monólogo do fundador deste espaço de criação.

Desde 2013, Ed Moraes tem se dedicado quase que exclusivamente ao audiovisual e este projeto marca sua nova estreia nos palcos.

Sobre Ed Moraes

Ed Moraes tem carreira estabelecida tanto no teatro como na televisão. No teatro, atuou em espetáculos como Limpe Todo o Sangue Antes que Manche o Carpete (2011-2016), Il Viaggio (2013), Um Verão Familiar (2012), Empoeirados (2010), O Outro Pé da Sereia (2009), Wotan (2007) e Trem Fantasma (2007), muitos dos quais também produziu.

Na TV, integrou o elenco de séries como Bugados (2019-2020), no canal Gloob; Amigo de Aluguel (2018), no Canal Universal; Drunk History – História Bêbada (2017), no Comedy Central/SBT, Condomínio Jaqueline (2014), na Fox; e Tapas e Beijos (2014), na Globo.

Sobre Michelle Ferreira

Atriz, dramaturga, roteirista e diretora. Formada pela Escola de Arte Dramática da USP, cursou Ciências Sociais na mesma universidade e foi integrante do Núcleo de Dramaturgia do CPT, com coordenação de Antunes Filho por oito anos.  É pós-graduada em Audiovisual e foi duas vezes finalista do Prêmio Luso-Brasileiro de Dramaturgia (Reality Final e Tem Alguém que nos Odeia), indicada ao prêmio Shell de melhor autora, em 2013, com Os Adultos Estão na Sala, e ao Prêmio Bibi Ferreira, em 2019, com Uísque e Vergonha. Com 13 peças escritas e apenas uma inédita, suas obras já foram encenadas por Cacá Carvalho,  Mario Bortolotto, Hugo Possolo, Eric Lenate, José Roberto Jardim, Isabel Teixeira, Maria Maya e Nelson Baskerville. Foi produzida na Inglaterra, Escócia e Argentina.  O primeiro longa que assina o roteiro é Coração de Leão, com estreia prevista para 2020. Atualmente, dirige sua peça 4 da Espécie – A História do Corpo Coisa.

Ficha técnica:

Texto e direção: Michelle Ferreira. Idealização e atuação: Ed Moraes. Iluminação: Karine Spuri. Direção Musical: Mau Machado. Cenário: Márcio Macena. Figurino: Ed Moraes. Fotos: Caio Oviedo/Gustavo Steffen/Amanda Clemente. Videomaker: Geraldo Arcanjo. Designer gráfico: Pietro Leal. Assessoria de imprensa: Adriana Balsaneli. Gerenciamento de Mídias sociais: Beatriz Miranda. Orientação de processo: Georgette Fadel. Orientação corporal: Tainara Cerqueira. Assistente de produção: Dani D’Agostino e Micheline Lemos. Assessoria Jurídica: Alber Sena. Produção: Arrumadinho Produções Artísticas. Direção de Produção: Ed Moraes.

SERVIÇO
Eu não sou Harvey – O desafio das cabeças trocadas
De 13 de fevereiro a 14 de março de 2020.
Quinta a sábado, às 20h30. Exceto dias 15 e 22/2.
12/3, sessão com tradução em libras.
Local: Auditório (3º Andar)
Duração: 60 minutos
Classificação: 14 anos
Preços: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia entrada: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência) e R$ 9 (credencial plena do Sesc – trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes)
Vendas de ingressos:
No Portal Sesc a partir de 4 de fevereiro, terça-feira, às 12h.
Nas bilheterias das Unidades a partir no dia 5 de fevereiro, quarta-feira, às 17h30.  

Sesc Pinheiros – Rua Paes Leme, 195
Bilheteria: Terça a sábado das 10h às 21h. Domingos e feriados das 10 às 18h
Tel.: 11 3095.9400
Estacionamento com manobrista: Terça a sexta, das 7h às 21h30; Sábado, das 10h às 21h30; domingo e feriado, das 10h às 18h30. Taxas / veículos e motos: para atividades no Teatro Paulo Autran, preço único: R$ 12 (credencial plena do Sesc) e R$ 18 (não credenciados).Transporte Público: Metrô Faria Lima – 500m / Estação Pinheiros – 800m

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