Grupo XIX – Mostra de Experimentos

Grupo XIX de Teatro faz mostra de espetáculos criados em seus núcleos de pesquisa

Fotos dos espetáculos – https://bit.ly/3mx0vjT

Considerado uma das companhias mais importantes em São Paulo, o Grupo XIX de Teatro completou 19 anos de trajetória em 2020. Por conta da pandemia, a trupe precisou adiar suas comemorações. No entanto, para não deixar a data passar em branco, o coletivo preparou o Projeto XIX Ano 19: Crise e Insurreição, uma mostra com os experimentos cênicos criados em seus núcleos de pesquisa orientados por Janaina Leite, Juliana Sanches, Luiz Fernando Marques, Rodolfo Amorim e Ronaldo Serruya. Cada espetáculo tem duas apresentações grátis, entre os dias 12 e 22 de novembro, por meio da plataforma Zoom.

Além disso, estão abertas as inscrições para as novas oficinas dos núcleos de pesquisa formadas com encontros virtuais. Desde 2005 o grupo desenvolve esse projeto de oficinas teatrais gratuitas de longa duração, que têm como objetivo promover um intercâmbio entre artistas de diversas formações, estudantes de artes e outros interessados em vivenciar uma experiência artística. (Confira abaixo mais detalhes).

“Foi um pouco triste essa coincidência do nosso aniversário de 19 anos com a Covid-19 e com este atual estado de suspensão. Por outro lado, desde que o grupo nasceu, nunca pudemos fazer uma pausa, com todas as nossas peças, festivais, a Vila Maria Zélia e os núcleos de pesquisa. Acho que essa suspensão nos permite olhar para essa trajetória de forma distanciada, e, quando voltarmos presencialmente, vai ser tudo muito especial porque estaremos sedentos de teatro. E este momento terá sido importante para repensarmos ainda mais a questão do encontro que tanta marca o nosso trabalho. Sinto que esse baque nos faz, como sociedade, valorizar um pouco mais essa questão do estar junto e de poder desfrutar a nossa cidade”, revela o diretor Luiz Fernando Marques, o Lubi.

MOSTRA DE EXPERIMENTOS CÊNICOS

Todos os espetáculos serão transmitidos via plataforma Zoom


ACORDA, ALICE! ATAVÉS DA TELA!
Dias 12 e 14 de novembro
– Quinta-feira, às 21h, e Sábado, às 19h

O ponto de partida é a chegada de seis mulheres em um espaço de encontro digital habitado por outras, que parecem saber sobre o tempo e sua passagem. As recém-chegadas perguntam e demonstram insegurança quanto as horas, os dias, os anos: Qual é o tempo em que vivo, o que ele marcou na minha carne? O que esperam de mim, de nós no decorrer desse tempo? Como ele nos percorre e como nós o atravessamos? Sempre marcado pelo tempo, o espetáculo percorre a trajetória cíclica da mulher, passando pelas fases da menina, adolescente, adulta e anciã. Nesse jogo, todas se misturam e se contagiam numa dança de cumplicidade e sororidade. As perguntas e as respostas já não importam mais, pois elas se colocam juntas neste tempo.

Ficha Técnica:

Dramaturgismo: Juliana Sanches. Texto: Acorda Coletivo. Montagem audiovisual, edição e finalização: Val Hidalgo. Direção Geral: Juliana Sanches. Assistência de Direção Audiovisual: Alice Stamato. Figurino: Juliana Sanches e Acorda Coletivo. Iluminação: Acorda Coletivo. Elenco: Alice Stamato, Cacau Fonseca, Carol Andrade, Ericka Leal, Jaqueline Beatriz, Joice Tavares, Juliana Roberta, Larissa Alves, Leticia Stamatopoulos, Lídia Engelberg, Lidi Seabra, Ligia Fonseca, Mahê Machado, Mariela Lamberti, Priscilla Nina, Rebecca Leão, Renata Dalmora, Rita Damasceno, Samira Aguiar e Victória de Paula. Atrizes que estiveram no processo: Lorena Barreto, Paloma Dantas e Vanusa Di Santi. Produção: Acorda Coletivo. Realização: Acorda Coletivo. Fotos: Anoca Freitas, Gabriela Burdmann, Giorgio D’Onofrio e Marília Apolônio. Classificação: 14 anos. Duração: 50 minutos.

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MEMÓRIAS DE CABECEIRA

Dias 13 e 15 de novembro – Sexta e domingo, às 20h

O espetáculo materializa, em uma experiência cênica, o plano da memória dos atores sobre seus avós e desperta as lembranças do público sobre seu próprio passado, que permanece ocupando o presente em forma de saudade. Através da investigação da memória dos atores, a história de quatro avós é remontada. Essas figuras presentes no imaginário comum, que carregam como peculiaridade a importância e saudade deixada nesses netos-atores e plateia, acabam se revelando como testemunhas, arquivos e índices de nossa própria trajetória.

Ficha Técnica:
Direção:
Rodolfo Amorim. Elenco: Bruno Canabarro, Cleuber Gonçalves, Natália Ribeiro e Vinícius Titae. Dramaturgia, Figurinos e Cenografia: Coletivo Analógico de Teatro. Duração: 50 minutos. Classificação: Livre.

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PLANTAR CAVALOS PARA COLHER SEMENTES

Dias 14 e 15 de outubro – Sábado, às 21h30, e Domingo, às 18h

Livremente inspirada no manifesto Falo Por Minha Diferença, do ativista chileno Pedro Lemebel, Plantar Cavalos Para Colher Sementes é uma peça-manifesto de caráter performativo que coloca em cena corpos que podem falar sobre aquilo que vivem, corpos a quem comumente não é dada a chance de ocupar esse espaço de poder que é também o teatro. A peça é a denúncia de um corpo que está morrendo, e que precisa gritar para se manter vivo. O que se propõe aqui é o encontro vivo, mas nem sempre confortável, com o OUTRO. Uma espécie confronto entre o manifestante e aquele para quem ele se manifesta para que através da recusa do silêncio, o deslocamento aconteça e possamos fazer ver a perversa estrutura que engendra discursos e mecanismos racistas, homofóbicos, misóginos e transfóbicos, e tensionar em nós o que é reprodução da norma e incapacidade de desprogramar o previsto.

Ficha técnica:

Direção, concepção e pesquisa: Ronaldo Serruya. Assistente de direção: Bruno Canabarro. Manifestantes: Ailton Barros, Ana Vitória Prudente, Be Gonzales, Camila Couto, Carlos Jordão, Gabi Costa, Ericka Leal, Mateus Menezes, Patrícia Cretti, Tatiana Ribeiro. Iluminação: Dimitri Luppi Slavov. Fotos e vídeos: Jonatas Marques. Produção: Gabi Costa, Mateus Menezes e Tatiana Ribeiro. Realização: Grupo XIX de Teatro. Agradecimento especial: Vana Medeiros. Classificação: 16 anos. Duração: 50 minutos.

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FEMININO ABJETO 1 + bate-papo com diretora e performers
Dia 20 de novembro
– Sexta-feira, às 20h
Com orientação de Janaina Leite, o núcleo se apoiou sobre a obra da artista espanhola Angélica Liddell e sobre o conceito de “abjeção” proposto por Julia Kristeva para investigar as representações do feminino hoje. Performado unicamente por mulheres e duas pessoas não-binárias, o trabalho, tomou por eixo principal a figura de uma mãe “mais arcaica que real”, como campo de recusa, mas também identificação em relação a certa “transmissão da feminidade”. O espetáculo estreou em 2017 e integrou alguns festivais como o FESTA em Santos, dedicado aos debates sobre o feminismo nas artes e a Mostra Libertária no Sesc Belenzinho.

Ficha Técnica:

Direção e concepção: Janaina Leite. Performers/autorXs: Bruna Betito, Cibele Bissoli, Débora Rebecchi, Emilene Gutierrez, Flo Rido, Gilka Verana, Juliana Piesco, Letícia Bassit, Maíra Maciel, Oli Lagua, Ramilla Souza e Sol Faganello. Assistência de direção: Tatiana Caltabiano. Dramaturgismo: Janaina Leite e Tatiana Ribeiro. Preparação Stiletto: Kaval. Preparação Haka: Allan Melo. Iluminação: Afonso Alves Costa. Operação de som: Marina Meyer. Fotografia: Laio Rocha. Câmera: Roberto Setton, Camila Couto e Vinicius Vitti. Edição: Sol Faganello. Classificação: 18 anos. Duração: 90 minutos.

Teaser Feminino Abjeto 1:

https://bit.ly/31PLykO

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MOSTRA ABJETA III

Dia 21 de novembro – Sábado, das 14h às 18h

Já realizada no Teatro de Contêiner e no Teatro Centro da Terra, a Mostra Abjeta é uma reunião de trabalhos autorais desdobrados a partir ou em relação à experiência de Feminino Abjeto 1. Entre trabalhos em processo ou já estreados, essa mostra propõe uma versão on-line desses experimentos, revelando a apropriação singular de cada artista a partir das questões originais, mas desdobradas em trabalhos autorais que exploram performance e gênero no teatro. Cada sessão é finalizada com um bate-papo.

Ilariê, de Ramilla Souza: Ramilla tem um obsessão pela Xuxa dos anos 90. Ela revisita suas memórias de infância e a construção da própria subjetividade a partir dessa referência. Duração: 20 minutos.

Chef Psi – Como Comer Como Como, de Maíra Maciel: Chef psi é uma estranha psiquiatra e chef de cozinha que tenta preparar o prato perfeito. Nessa preparação, ela traz memórias e pensamentos sobre o processo de transformação do animal na comida e da comida no corpo das pessoas.

Duração: 35 minutos.

Corpo Errado, de Florido Fogo: Abrir os buracos da corpa para negar a entrada das expectativas cisgêneras koloniais. Imagens de horror, deboches, delírios e monstruosidades para acessar dramaturgias da trans-fisicalidade ancestro/futura e eufórica.

Duração: 40 minutos

Não Ela: O Que é Bom Está Sempre Sendo Destruído, de Oliver Olívia e Lucas Miyazaki: Um retrato de um casal que começou a morar junto ao mesmo tempo em que um deles começou seu processo de transição de gênero: um homem cisgênero que percebe seu então companheiro trans masculino. É a exposição de um texto-depoimento-carta inteiro de autoria do dramaturgo cisgênero. Uma peça sobre transfobia, machismo, misoginia e amor. Duração: 25 minutos.

Tudo é Lindo em Nome do Amor, de Bruna Betito e Debora Rebecchi: É uma travessia cênica através do mito do amor romântico. Para essa versão remota, duas atrizes invocam clichês do nosso imaginário amoroso e compartilham com o público uma festa de casamento virtual. A experiência pretende abrir caminhos para questionar papéis de gênero e os modos como fomos ensinados a amar.

Duração: 40 minutos

Salivas, de Emilene Gutierrez: O trabalho parte de uma escavação individual onde a carne-gordura-baba-vísceras tomam o espaço central, pornograficamente explícitos, do processo. É tentativa de tornar corpo uma espécie de subjetividade feminina, buscando encontrar possíveis caminhos/espaços entre a origem e o fim das coisas, dos desejos, dos abismos. Duração: 35minutos

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FEMININO ABJETO 2
Dia 22 de novembro
– Domingo, às 19h

Em 2018, Janaina Leite propôs uma nova investigação a partir da figura da mãe, agora em um núcleo de pesquisa composto por 34 homens e duas pessoas não-binárias. Se o masculino se constrói como “reatividade ao feminino”, como propõe Safiotti, em Feminino Abjeto 2, analisou as relações com as figuras arcaicas de pai e mãe, a fim de encontrar a gênese de uma virilidade que se confunde com violência e autoritarismo. O espetáculo estreou em dezembro do mesmo ano, cumpriu duas temporadas na Vila Maria Zélia, no Teatro de Contêiner da Cia Mungunzá (Luz/São Paulo) e se apresentou no Sesc Belenzinho na mostra Dramaturgias 2.

Ficha técnica:

Direção e dramaturgismo: Janaina Leite. Performers/autores: Alexandre Lindo, André Medeiros Martins, A Saboya, Carlos Jordão, Chico Lima, Dante Paccola, Diego Araújo, Eduardo Joly, Filipe Rossato, Guilherme Reges, Gustavo Braunstein, Jeffe Grochovs, João Duarte, João Pedro Ribeiro, Leonardo Vasconcelos, Lucas Asseituno, Marco Barreto, Nuno Lima, Thompson Loiola. Assistência de direção e dramaturgismo: Ramilla Souza. Iluminação: Maíra do Nascimento e Marcus Garcia. Criação e operação de som e trilhas: Eduardo Joly. Fotografia: André Cherri, Michel Igielka, Liz Dórea, Flaviana Benjamin, Carol Rolim, Mateus Capelo. Vídeos: André Cherri; Diego Araújo, Guilherme Dimov, Victor Rinaldi; Filipe Rossato, Gabriel Pessoto, Fernanda Wagner, Marina Rosa, Juba Bezerra (Poro Produções). Arte original: Miguel Sanchez; Andrés Nigoul (Duo Dinâmico). Núcleo de Comunicação: Thompson Loiola (99 Comunicação) e Alexandre Lindo. Núcleo de Produção e Projetos: João Pedro Ribeiro, Thompson Loiola, Ramilla Souza, Lucas Asseituno, André Medeiros Martins. Classificação: 18 anos. Duração: 90 minutos.

Teaser Feminino Abjeto 2:

https://bit.ly/3oxPwbO

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NÚCLEOS DE PESQUISA DO GRUPO XIX DE TEATRO

Curso on-line pela plataforma Zoom.

Grátis.


A CRISE DO DISCURSO COMO SUBSTANTIVO MASCULINO

Orientação: Juliana Sanches

Colaboração: Claudia de Souza.

Período: 12/11 a 17/12, às segundas e quintas-feiras, das 15h às 17h.

Inscrições: até 31 de outubro pelo link https://cutt.ly/nucleojuliana

Vagas: 20.

A ideia é analisar a crise poética atual em que vivemos na cena. Como o que se diz não é mais suficiente para deslocar os corpos ou criar uma suspensão? Como muitas vezes, o texto vira uma tese a se defender em cena? Quais as possibilidades de negar essa função do texto, transformando os corpos em ideias. A pesquisa parte de mulheres que, em outras linguagens, já propunham esse deslocamento como Frida Kahlo, Lígia Clark, Leonilda Gonzáles, Tarsila do Amaral, Doris Salcedo, Virgínia Woolf, Laura Esquivel, Hilda Hilst, Clarissa Pinkola Estés, Clarisse Lispector, Martha Graham, Isadora Duncan, Loïe Fuller, Mary Wigman, Pina Baush, entre outras.

Minha motivação é a continuação de uma pesquisa feminina, agora mais direcionada para formas de expressão física dos corpos femininos, sempre alimentados por inspirações de escrita e outras linguagens artísticas de mulheres, autoras e artistas plásticas cis e trans, buscando uma comunicação não textual, fugindo da ideia de discurso instituída pela raiz masculina. O distanciamento social acaba entrando como dramaturgia e estímulo para essa pesquisa, impondo esse formato sem contato físico e, ao mesmo tempo, abrindo as casas de cada um como dramaturgia espacial”, esclarece Juliana.

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ESTUDOS SOBRE O OLHO

Orientação: Janaina Leite.

Colaboração: André Medeiros Martins, Lara Duarte, Mateus Capelo e Anita Saltiel.

Período: de 09/11 a 14/12, às segundas, das 19h às 21h.

Inscrições: Até dia 30 de outubro às 18h pelo link https://cutt.ly/nucleojanaina

Vagas: 20.

Partindo da novela História do Olho de Georges Bataille, a pesquisa toma como mote o corpo e a imagem pornográfica. Para além dos temas que podem ser discutidos através da pornografia, como sexualidade, erotismo e representações de gênero, interessa as provocações que a pornografia traz à estética ao colapsar pares dicotômicos como arte/não arte, sexo simulado/sexo real, atuação/performance, fruição estética/ interesse lascivo, contemplação/consumomasturbatório,ficção/documento,metaforicidade/literalidade.

Somam-se também perguntas sobre a imagem no contexto de uma pandemia que exige o isolamento, a interdição do contato físico e obriga a uma mediação quase exclusiva pelas plataformas virtuais. Para esta edição, juntei meu interesse pela obra de Bataille com a pesquisa sobre pornografia que comecei a desenvolver há um tempo, particularmente a questão da escopofilia. Muito mais do que uma aula ou oficina é um espaço onde eu estou em processo de criação e tenho desejo de partilhar a pesquisa com outros artistas”, comenta Janaina.

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A ARTE QUEER DO FRACASSO

Orientação: Ronaldo Serruya.

Período:  de05/11 a 17/01, às quintas-feiras, das 19h às 21h.

Inscrições: Até 3 de novembro às 22h pelo link https://cutt.ly/nucleoronaldo

Vagas: 20.

Tendo como plataforma de trabalho a obra A Arte Queer do Fracasso de Jack Halberstam, um dos mais instigantes teóricos queer da atualidade, o núcleo pretende investigar alternativas e rotas de fuga numa sociedade obcecada por uma ideia heteronormativa de sucesso a partir da pergunta-central que abre o livro: “O que vem depois da esperança?” Admitindo a experiência queer como um atravessamento intimamente ligado ao  falhar, ao perder, ao esquecer e ao desfazer, não como negação ou desconstrução apenas, mas como um estilo de vida, a ideia é investigar a recusa do triunfo como ato subversivo, a opção do fracasso como um caminho claramente pelas margens, como uma maneira de se recusar a aquiescer a lógicas dominantes de poder e disciplina e como forma de crítica.

“O que me motiva é a possibilidade de continuar verticalizando uma investigação sobre a perspectiva queer para o mundo, que pressupõe uma ideia de não assimilação das coisas dadas como naturais pela norma, de questionar essa espécie de contrato ficcional que ela estabelece, de determinar uma atitude de desconfiança daquilo que é nos vendido como atributos universais de sentido. A ideia é colocar em xeque o pressuposto heteronormativo de sucesso, e pensar o fracasso não como desistência, mas como a recusa de estar no mundo privilegiando certos valores, abdicando da expectativa e consolidando outros sentidos”, acrescenta Ronaldo.

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VERDADE

Orientação: Rodolfo Amorim.

Colaboração: Clayton Mariano.

Período: de 10/11 a 15/12, às terças-feiras, das 19h às 21h

Inscrições: Até 4 de novembro pelo link https://cutt.ly/nucleorodolfo

Vagas: 20.

Esse Núcleo de Pesquisa se debruçará sobre as possibilidades e construções da noção de verdade, utilizando como base o livro O Barco Farol, de Siegfried Lenz. A partir dessa obra, elaborar experimentos cênicos sobre “a verdade”, que pode significar o que é real ou possivelmente real dentro de um sistema de valores. Esta qualificação implica o imaginário, a realidade e a ficção, questões centrais tanto na antropologia cultural, nas artes, na filosofia e na própria razão. O livro narra a história de um navio farol que é atacado e ocupado por piratas.

A verdade sempre foi objeto de discussão e, dentro de certas convenções, pode estabelecer o que é entendido como real. Vivemos em tempos em que a verdade segue sendo manipulada, mas a novidade agora é que essa manipulação se dá de modo escancarado. Em tempos em que o acesso à informação foi ampliado, distinguir os fatos e versões verídicas, parece pouco menos uma questão de reflexão e convencimento pelos acontecimentos e mais, uma escolha que justifique e confirme o pensamento pré-estabelecido de cada grupo ou indivíduo. Investigar essa questão no teatro, onde a verdade parte de uma convenção entre artista e público é também uma tentativa, de entender o papel da arte na atual disputa de construção de narrativas”, diz Rodolfo.

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O CINEMA COMO PRESENÇA

Orientação: Luiz Fernando Marques (Lubi).

Período: de 29/10 a 16/12, às quartas-feiras, das 16h às 18h.

Inscrições: Até 2 de novembro pelo link https://cutt.ly/nucleolubi

Vagas: 20.

Este núcleo pretende fazer um estudo cênico/digital a partir da cena de um filme. A ideia é um estudo teórico prático que busque exatamente tencionar os limites entre a cena teatro e cena cinema levando em conta as teorias do cinema como presença, do cinema como fantasmagoria e outras técnicas do chamado pós-cinema. Durante o núcleo serão feitos exercícios e dinâmicas que terão como estudo de caso a cena/filme de cada inscrito. Explorando o corpo e voz na tela, gerando impacto a partir de estratégias que também levem em consideração o estímulo a sensorialidade do espectador no processo de recepção.

“Quando percebi que meu núcleo teria que ser on-line, acabei trazendo uma vertente da minha pesquisa que eu já tinha trabalhado muito antes mesmo da pandemia, que é essa relação do cinema entendendo o fenômeno do estar. Eu sempre me interessei muito pelas plateias, pelo público, pelo fenômeno do encontro de pessoas nesse momento da fruição da arte. A partir da ideia de que cada um traga seu filme preferido, podemos conversar sobre esses conceitos e fazer alguns estudos práticos e teóricos sobre exatamente esse momento da fruição da arte”, comenta Lubi.

Sobre os Núcleos de Pesquisa

Os núcleos são coletivos formados a partir de seleções – que já chegaram a atingir o número de 600 inscritos –, que ao longo do ano e sob a orientação dos artistas do Grupo XIX de Teatro, desenvolvem pesquisas nas áreas de atuação, direção, dramaturgia, corpo e direção de arte. É nesse projeto que os artistas da companhia conduzem pesquisas sobre temas que lhes interessam individualmente, e que, mais tarde, acabam influenciando o trabalho da trupe como um todo.

SOBRE O GRUPO XIX DE TEATRO 

Desde 2001 o Grupo XIX de Teatro desenvolve pesquisa autoral que deu origem aos espetáculos Hysteria, Hygiene, Arrufos, Marcha Para Zenturo (em parceria com o Grupo Espanca), Nada Aconteceu, Tudo Acontece e Tudo Está Acontecendo, Estrada do Sul (em parceria com o Teatro Dell’Argine) e Teorema 21. A exploração de espaços não-convencionais, a criação colaborativa e a relação direta com o público nas encenações são elementos constitutivos dessa trajetória. Todos os espetáculos seguem em repertório até hoje tendo sido apresentados em quase uma centena de cidades pelo Brasil e cinco países do mundo com as encenações realizadas em inglês, italiano e francês.

A partir de 2004, o grupo realiza uma residência artística na Vila Maria Zélia na Zona Leste de São Paulo. A “Vila” é hoje um espaço de pesquisa, difusão e formação que abriga projetos como os Núcleos de Pesquisa que acolhem anualmente cerca de cem artistas, além de diversos espetáculos e oficinas. Com esta ação contínua o grupo tem conseguido criar uma relação com o público da cidade de São Paulo que vai além de suas próprias peças e transborda o meio teatral fazendo parcerias com as áreas do cinema, das artes plásticas, dança, fotografia, arquitetura e história.

Informações para imprensa:

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