Réquiem Para Um Amigo da Multidão
Espetáculo Réquiem Para Um Amigo da Multidão celebra a vida e a obra do cenógrafo Flávio Império
Projeto idealizado e protagonizado pelo ator Nei Gomes, Réquiem Para Um Amigo da Multidão estreia no Teatro Municipal Flávio Império, Zona Leste da cidade, dias 27, 28 e 29 de maio. Com direção de Renata Zhaneta, o espetáculo presta homenagem ao multiartista Flávio Império (1935-1985), que revolucionou a cenografia brasileira,celebrando sua contribuição para o teatro brasileiro. Flávio Império, se estivesse vivo, estaria com 80 anos de vida e 60 de carreira.
Contemplado com o Prêmio Zé Renato da Cidade de São Paulo, o espetáculo circulará pelos teatros distritais da cidade durante os meses de maio e junho, com o apoio da Secretaria Municipal de Cultural. As próximas apresentações serão: Teatro Alfredo Mesquita, dias 3, 4 e 5 de junho; Teatro Leopoldo Fróes, dias 10, 11 e 12 de junho; Teatro Cacilda Becker, dias 17, 18 e 19 de junho e retorna ao Teatro Flávio Império, dias 24, 25 e 26 de junho. O projeto está habilitado pelo edital PROART Educação, sendo um estímulo para debate sobre arte e história.
Pela contribuição do artista para as áreas além do teatro, no dia 26 de junho, último dia do espetáculo, será realizado um debate, após a sessão, com os arquitetos Lívia Loureiro, Pedro Arantes e Yuri Quevedo, profissionais influenciados pela obra de Flávio Império.
Com dramaturgia do próprio Nei Gomes, o texto tem como base a obra e o trabalho do artista no teatro, na arquitetura e nas artes plásticas. “A peça é uma vivência, onde a relação espectador-ator é muito próxima, um happening de muitas linguagens. O objetivo é trazer à tona suas inquietações e contribuições para as artes”, define o autor.
Realçando a importância de Flávio Império para a arte brasileira, a peça retrata o artista nos momentos finais de sua vida, em um balanço consigo próprio e em reflexões sobre vida e morte. Em 1985, Flávio foi internado com encefalite decorrente da AIDS. A dramaturgia parte do processo de delírios, comuns nesse quadro clínico, para rememorar sua trajetória.
“O fio condutor são as suas memórias e experiências vividas. Então me veio a ideia de um devaneio ficcional, decorrente das infecções que teve quando internado. A memória não é perfeita, tem lacunas, criamos coisas, tudo isso aliado à situação do delírio me fez construir um narrador que passasse por diversos planos, podendo ser lírico, dramático ou narrativo. Assim o texto pode ter saltos não lógicos”, explica Nei.
Durante o processo de pesquisa, Nei Gomes entrevistou personalidades que conviveram com o cenógrafo, como Maria Thereza Vargas, José Celso Martinez Corrêa, Drauzio Varela, Suzana Yamauchi, Loira Cerroti, Iacov Hillel, Edmar de Almeida e Vera Império Hamburger. Personagens e textos dos espetáculos que Flávio montou também serviram de referências para os desdobramentos do espetáculo.
“Essas pessoas me ajudaram, a partir de cada ponto de vista, a construir um retrato. Os relatos ou mesmo a imagem que cada um guarda da figura do Flávio, somado à minha pesquisa, me fizeram chegar num ser humano intenso e complexo. O espetáculo é um lugar de encontro e celebração sobre a figura do Flávio e seus pensamentos. A obra é ficcional, mas as referencias são todas reais.”
Instalação cênica
A montagem traça um panorama da vida artística de Flávio, desde seu envolvimento com a Comunidade do Cristo Operário, em 1956, até os últimos trabalhos, em 1985. “Não dá para ignorar o momento histórico em que ele viveu. O Flávio era múltiplo. Foi um cidadão atuante, viveu na época da ditadura militar, morreu de AIDS, numa época em que pouco se sabia sobre a doença. Tudo isso não é central no espetáculo, mas certamente o afetou artisticamente”, fala Nei.
Uma cama hospitalar é o elemento central do cenário. Dois biombos servem como telas para projeção de luz e imagens que simulam os delírios. Os figurinos têm uma base branca e alguns elementos coloridos que, assim como os objetos cênicos, rementem ao aspecto limpo e asséptico de um hospital.
A encenação também se utiliza de diferentes formas de expressão como a videoprojeção, a iluminação e a trilha sonora executada ao vivo por três músicos. Alguns atores fazem participação especial em vídeo interpretando personagens contemporâneos ao Flávio como Cacilda Becker, Lina Bo Bardi, Myriam Muniz, Walmor Chagas, entre outros. A plateia será acomodada em cima do palco. Uma instalação com telas representa as várias áreas de atuação do multiartista e durante o espetáculo o público pode pintar e interagir com elas.
“O Flávio fez de tudo no teatro, além de romper com a estrutura de colaboração com a área em que atuava. Ele não trabalhava por encomenda, fazia um processo de acompanhamento de todo projeto e propunha muito, inclusive ajudando a determinar questões estéticas centrais da obra que montava”, comenta Nei.
Flávio Império
Cenógrafo, figurinista, diretor, arquiteto, professor e artista plástico. Suas experiências na pintura evidenciam o aprendizado da linguagem modernista. Reconhecido por seu trabalho artístico, Flávio trouxe ao fazer teatral, entre os anos de 1960 e 1980, uma nova forma de inserção das áreas artísticas de criação que, até então, eram consideradas secundárias em montagens de espetáculos de teatro.
Sua participação no processo de criação e seus estudos sobre os espetáculos o colocaram dentro das salas de ensaios com outros artistas criadores. Muitas peças tiveram sua concepção estética determinada pela cenografia, de tão poderosa, coerente e participativa que era sua presença.
Flávio Império morreu às vésperas de completar 50 anos, no Hospital do Servidor Público Estadual, vitimado por uma infecção bacteriana nas meninges causada pela Aids, em 1985.
Sinopse
O espetáculo conta a história da vida e da obra do multiartista Flávio Império (1935-1985). A narrativa não linear é alimentada pelos delírios causados pela forte infecção que sofreu se misturando à história do próprio teatro.
Sobre Nei Gomes
Nei Gomes é ator, professor e diretor de teatro. Tem em sua formação a linguagem circense aliada à prática teatral. É membro-fundador da Cia. Estável de Teatro, criada em 2001.
Ficha técnica:
Idealização, Dramaturgia e atuação: Nei Gomes. Direção: Renata Zhaneta. Assistentes de direção: Andressa Ferrarezi e Osvaldo Hortêncio. Assistentes de produção: Maria Carolina Dressler e Adriano Rosa. Participação especial em vídeo: Andressa Ferrarezi, Daniela Giampietro, Karen Menati, Osvaldo Hortêncio, Maria Carolina Dressler, Osvaldo Pinheiro e Renata Zhaneta. Identidade Visual, Registro e Produção Multimídia: Jonatas Marques. Provocadores musicais: Piero Damiani e Rani Guerra. Cenografia: Luis Carlos Rossi. Figurino: Mariana Moll. Iluminação: Erike Busoni. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli. Grupo parceiro com sede para ações: Periferia Invisível.
Serviço:
RÉQUIEM PARA UM AMIGO DA MULTIDÃO.
Duração: 70 minutos. Classificação etária: 10 anos. Ingressos: Grátis.
TEATRO FLÁVIO IMPÉRIO – R. Prof. Alves Pedroso, 600 – Cangaíba. Telefone – 2621 2719.
Dias 27, 28 e 29 de maio e 24, 25 e 26 de junho. Sexta-feira e sábado, às 20h. Domingo, às 19h.
Capacidade: 100 Lugares. Estacionamento: Grátis. Acessibilidade: Sim.
TEATRO ALFREDO MESQUITA – Av. Santos Dumont, 1770 – Santana. Telefone – 2221 3657.
Dias 3, 4 e 5 de junho. Sexta-feira e sábado, às 21h. Domingo, às 19h.
Capacidade: 60 Lugares. Estacionamento: Grátis. Acessibilidade: Sim.
TEATRO LEOPOLDO FRÓES – Rua Antonio Bandeira, 114. Santo Amaro. Telefone – 5541-7057.
Dias 10, 11 e 12 de junho. Sexta-feira e sábado, às 20h. Domingo, às 19h.
Capacidade: 60 Lugares. Estacionamento: Não. Acessibilidade: Sim.
TEATRO CACILDA BECKER – Rua Tito, 295 – Lapa. Telefone – 3864-4513.
Dias 17, 18 e 19 de junho. Sexta-feira e sábado, às 21h. Domingo, às 19h.
Capacidade: 60 Lugares. Estacionamento: Não. Acessibilidade: Sim.
Informações para imprensa:
Adriana Balsanelli
Fone: 11 99245 4138