Tablado de Arruar – Pornoteobrasil
Tablado de Arruar apresenta PORNOTEOBRASIL, novo texto de Alexandre Dal Farra, em fevereiro na Oficina Cultural Oswald de Andrade
Nova montagem do grupo Tablado de Arruar, com direção de Clayton Mariano e do próprio autor, faz crítica ao contexto democrático brasileiro atual. Elenco traz André Capuano, Alexandra Tavares, Gabriela Elias, Ligia Oliveira e Vitor Vieira
Diante do conturbado cenário sociopolítico brasileiro atual, o Tablado de Arruar apresenta Pornoteobrasil, novo espetáculo com texto do dramaturgo Alexandre Dal Farra, que estreia no dia 21 de fevereiro na Oficina Cultural Oswald de Andrade, onde segue em cartaz até 6 de abril. As sessões acontecem às quintas e sextas-feiras às 20h e sábados às 18h, com ingressos grátis.
Co-dirigido por Dal Farra e Clayton Mariano, o espetáculo se passa no Brasil contemporâneo, no cenário de um acidente ou atentado – não é possível afirmar ao certo. É neste espaço de destruição e catástrofe que a peça se dá. Depois de uma situação traumática como essas é comum que o sujeito tenha as suas estruturas abaladas, estruturas estas que constituíam o seu próprio olhar para si mesmo, para o seu passado, para o seu presente, e para o futuro. Depois do acidente, três cenas procuram abordar aspectos diversos de um mesmo trauma. Primeiramente, um texto reflexivo discorre sobre perspectivas religiosas diversas, na tentativa de construir um olhar teológico para o presente. Em seguida, pessoas procuram lidar com as próprias memórias, sem conseguir ordená-las. E, finalmente, brota, do meio das memórias destroçadas, uma cena de violência e desespero, como se o terror da violência sofrida no passado recente emanasse para o presente em forma de terror em relação ao futuro.
Em alguns momentos, a encenação sugere que o país pode não ter saído completamente do tempo histórico que começou com o Golpe Militar de 1964. “O que se percebe de maneira indireta e oblíqua nas memórias dos personagens é que, de alguma forma, a sombra da ditadura não eram apenas sombras. Ela estava mascarada sob outras formas. Vemos também fragmentos dos caminhos da esquerda e pedaços de uma história que resultou no que vivemos atualmente”, esclarece Alexandre Dal Farra.
O cenário devastado, de acordo com Clayton Mariano, é uma metáfora para a situação sociopolítica brasileira atual. “O acidente é tanto uma referência mais direta à greve dos caminhoneiros de 2018 como também a imaginação de um desastre na estrada, no qual vários caminhões tombam e derrubam seus produtos na pista. E, como a peça começa com essa imagem, é como se no Brasil já vivêssemos nessa tragédia antes mesmo do recente avanço da extrema direita”, explica.
As figuras se comportam como o príncipe Míchkin, protagonista do romance O Idiota, do russo Fiódor Dostoievsky. “Eles comentam fatos e momentos políticos vivenciados no passado, mas não conseguem criar um pensamento crítico – nem nas memórias, nem no presente. Eles não conseguem se posicionar ou concatenar ideias”, revela Mariano.
Além do clássico russo, a encenação teve como referências o romance O Estrangeiro, do argeliano Albert Camus, a Pornochanchada brasileira e o livro Três Mulheres de Três Pppês, de Paulo Emílio Sales Gomes. “Creio que o ‘O Estrangeiro’ e ‘O Idiota’ confluem na construção de um ponto de vista sobre algo perplexo para o agora, que é o que defendemos como a única possibilidade de olhar realmente para as coisas. Por outro lado, as demais obras entraram como parte dessa tentativa de construir um olhar sobre o outro, a elite brasileira – sobre o que não somos e que não soubemos perceber”, acrescenta Dal Farra.
Há, além disso, uma referência às novas teologias que se propagam na sociedade brasileira atual. “O próprio termo ‘pornoteo’ do título tem a ver com a junção de uma elite pornográfica – no sentido de explicitude – e essa teologia nova do Estado Teocrático, no qual estamos inseridos. No entanto, tal junção não é, para nós, uma crítica à igreja pura e simples, e sim, a aceitação da sua importância e centralidade”, elucida Mariano.
Ficha técnica:
Texto: Alexandre Dal Farra. Direção: Clayton Mariano e Alexandre Dal Farra. Atores: André Capuano, Alexandra Tavares, Gabriela Elias, Ligia Oliveira e Vitor Vieira. Cenário e Figurinos: Simone Mina. Música: Miguel Caldas. Operação de som: Tomé de Souza Coordenação Técnica: Raquel Balekian Direção de produção: Palipalan. Produção Executiva: Maria Fernanda Coelho. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli.
Serviço:
PORNOTEOBRASIL – Estreia dia 21 de fevereiro na Oficina Cultural Oswald de Andrade.
Duração: 90 minutos. Classificação: 14 anos. Ingressos: Grátis, distribuídos uma hora antes
Temporada: De 21 de fevereiro a 6 de abril (no dia 01/03 não haverá apresentação). De quinta a sábado, às 20h e aos sábados às 18h.
OFICINA CULTURAL OSWALD DE ANDRADE – Sala Anexo – Rua Três Rios, 363, Bom Retiro.
Capacidade: 30 lugares. Informações: (11) 3222-2662
Informações para imprensa:
Adriana Balsanelli
Fone: 11 99245 4138